Uma entrevista de um médico/professor sobre o aborto. Achei piada e postei-a aqui. Isto vinha no JN
Cientista de proa na procriação medicamente assistida, Mário de Sousa, diz - Porque a vida da mulher é um todo, com corpo e alma, que tem primazia sobre o feto. Este, diz, é "um anexo sem autonomia" até aos cinco meses, altura em que o cérebro começa a funcionar.
JN Disse numa recente iniciativa dos Médicos pela Escolha que o feto é "um anexo sem autonomia" da mãe até às 24 semanas!
Mário Sousa Só aí ganha autonomia para sobreviver. Até lá, tem os órgãos em esboço, mas não são funcionais. E um esboço é um esboço. Isto da definição das oito semanas como aquelas em que acaba o período embrionário e inicia-se o período fetal é um artifício. O pulmão só funciona a partir das 28 semanas. A tiróide só segrega hormonas aos quatro meses. O cérebro só amadurece a partir dos cinco meses, aí os neurónios conseguem permitir ao feto o movimento voluntário. Se perguntar às mulheres quando sentem o primeiro pontapé, todas são unânimes em dizer seis meses.
JN O período das dez semanas para a despenalização parece assim um limite igual a qualquer outro...
Mário Sousa As dez semanas vão ter muita elasticidade, porque há várias datações. Dez semanas pela última menstruação são 12 para a ovulação e 14 para a datação da ecografia. E como a maioria das interrupções voluntárias da gravidez (IVG) são entre as oito e as 12 semanas, é mais do que suficiente. Trata-se de impedir que quem não pode avançar com a gravidez vá fazê-lo em casa com um troço de couve, ou vá a uma curiosa e haja complicações. Lembro-me que em 1985, quando fazia urgência de ginecologia, tinha pelo menos uma complicação de abortamento por semana! Só eu! Lembro-me de como essas mulheres eram tratadas pelos médicos. Era atroz! Raspagens sem anestesia para as fazer sofrer, a vingar-se, insultos, recusa de direito de visita.
A grande fatia, como revelou um estudo da Associação para o Planeamento da Família, é de raparigas muito jovens que dizem que não estão preparadas naquele momento da vida para ter um filho. Porque são pequenas, estudam, não sabem quem é o pai... Aí temos duas opções ou um sistema ditatorial que obriga a mulher a levar adiante a gravidez e a persegue se ela não levar, ou protegê-la e permitir que aborte de maneira higiénica, rodeando-a de uma série de medidas para que tal não volte a acontecer. E, felizmente, sendo muito rigoroso em termos de fisiologia fetal, o feto não é capaz de sobreviver fora do útero. Idealmente, se pudéssemos tirá-lo logo e dá-lo para adopção, seria a solução. Mas como não tem viabilidade, a primazia é da mãe. Para nós o mais importante é o respeito pela vida que está à nossa frente: a da mulher.
O bebé é uma dádiva, mas não pode ser à toa! Numa fase em que não está preparada, mais vale não destruir a vida da mulher!
http://jn.sapo.pt/2007/01/25/nacional/a_deve_paga_uma_questao_sacrificio.html
2 comentários:
Não sabia que tinhas postado este texto aqui também. Não te importas que ponha aqui a minha resposta também, pois não?
Ora cá vai:
“Mário Sousa, cientista de proa, Professor Universitário, Ginecologista”.
Esqueceste um epíteto: dono-da-verdade-suprema-sobre-o-princípio-da-vida.
"um anexo sem autonomia".
Quando o cérebro começa a funcionar, passa a ser o quê? Uma casa com vista para o mar?!
“a maioria das interrupções voluntárias da gravidez (IVG) são entre as oito e as 12 semanas”.
A ser verdade João, uma parte significativa dos abortos vão continuar a ser feitos fora da lei que o Sim propõe. Muitas mulheres correm o risco de ir parar à cadeia. Ainda votas Sim?
“vá fazê-lo em casa com um troço de couve”
Custa-me a acreditar que ainda haja quem recorra a este método!!!
“Lembro-me de como essas mulheres eram tratadas pelos médicos. Era atroz! Raspagens sem anestesia para as fazer sofrer, a vingar-se, insultos, recusa de direito de visita"
Isto é gravíssimo. Sinceramente se isto é verdade, os médicos que cometeram tais actos mereciam ser expulsos. Resta também perguntar o quê que o Sr. Doutor Mário Sousa fez quando tomou conhecimento destes “actos médicos”. Se não fez nada, é tão culpado como aqueles que os cometeram.
“rodeando-a de uma série de medidas para que tal não volte a acontecer”.
Que medidas serão essas que o Sim propõe? Na pergunta do referendo não há nada nesse sentido, não vejo ninguém a discutir essas medidas. Aliás, quando se tenta falar disso, há até aqueles que se recusam a conversar porque dizem que não querem falar de nada mais, para além da pergunta do referendo.
“E, felizmente, sendo muito rigoroso em termos de fisiologia fetal, o feto não é capaz de sobreviver fora do útero”
Oh!!! Que pena… por isso é melhor matá-lo quando ainda está lá dentro.
“Idealmente, se pudéssemos tirá-lo logo e dá-lo para adopção, seria a solução. Mas como não tem viabilidade, a primazia é da mãe.”
Ahhhh… que azar!!! Mas penso que não faças tuas, estas palavras. Adopção para quê?
Para ser maltratado num qualquer convento de freiras e acabar um marginal?
“Para nós o mais importante é o respeito pela vida que está à nossa frente: a da mulher."…
… A vida que não está à nossa frente, aquela que não vemos, que se f…
"O bebé é uma dádiva, mas não pode ser à toa! Numa fase em que não está preparada, mais vale não destruir a vida da mulher!”
Lolada geral!!!
De frisar que falo do texto que publicaste no blog do Zé. Este é maior, mas já é tarde e não me apetece estar a ler mais nada hoje. ;)
Interessante o que diz Mário Sousa.
No entanto, nos Estados Unidos nasceu um feto com 22 semanas...e esteve as semanas seguintes até imitar os 9 meses de gestação numa incubadora... e sobreviveu.
Arrepiante!
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