segunda-feira, outubro 03, 2005

Belle… ma non tropo!

Para começar, devo dizer que me sentia muitíssimo satisfeito se soubesse que tinha escrito o título correctamente, a par disso, sinto-me mal com o que presenciei ontem.

Fui ver um concerto à Casa da Música. Modo geral gosto de projectos arrojados e este espaço é um deles. A parte exterior até me parece bastante original e agradável. Agora o que vi por dentro já não me satisfez nada.

Primeiro estava só uma bilheteira aberta para a venda dos bilhetes o que fez com que tivesse de esperar cerca de 30 minutos. (Até revelou-se positivo visto que ou era isto ou era chegar mais cedo ao concerto dos Boite Zuleica).

Ultrapassada a questão fila-para-ir-comprar-o-bilhete reparei em algo, tipo uns caixões, de uma madeira semelhante aquela que está nas linhas dos comboios que não faço ideia de que estavam lá a fazer… também não fui espreitar. Continuei em direcção à sala e mais coisas feitas da madeira da CP. Era um balcão enorme, comprido… é um bocado chocante à vista mas também, de decoradores não se pode esperar melhor… ou melhor, se calhar até pode… é que meter uns sofás vermelhos ou roxos ou lá o que eram (isto de ser daltónico não é fácil) pró meio da sala também não facilita nada o bom gosto. Mas o que mais me mata é a moda completamente parva de deixar as paredes todas em cimento, sem pintar nem nada. Passa-se isso nesta Casa, na estação da CP de Ermesinde, no estádio do Bessa, no da Luz… e por certo, em muitos outros lados. Eu só pergunto: mas o que se passa? A tinta anda cara? Não há quem pinte? Eu acho que não deve ser difícil arranjar que queira andar a dar umas pinceladas na Casa da Música. Quanto à tinta, o gajo da Barbot até é do Porto… não lhe ficava mal ajudar...

Para além de tudo isto, estava o assunto que me levou lá. Mais um concerto dos Belle Chase Hotel. Não sei se foi por ter visto já uma boa dose de concertos deles e como eles já quase que acabaram fazem sempre o mesmo tipo de espectáculos, ou então por eu saber que as relações entre os seus elementos andam pelas ruas da amargura, não me identifiquei minimamente com aquilo. Pareceu-me um grupo de gajos que andavam ali a fazer um frete. Isto para além de ser já tarde pra burro e eu ter ficado 30 minutos à espera que aquilo começasse depois da primeira banda ter saído.

A outra coisa realmente preocupante, isto sim um movimento que tem de ser cortado já, antes que se faça tarde, foi o facto de o povo estar a aderir em massa a deixar de cortar o cabelo ao pé do pescoço, aquela zona a que se chama vulgarmente de cachaço. Ficam assim tipo tansos-rotos-azeiteiros-parvos-dementes-mentecaptos. Ainda me vou armar com duas máquina-zero e dou cabo de meia dúzia.

9 comentários:

José Carlos Gomes disse...

O concerto dos Belle Chase Hotel foi o que tinha de ser: a banda tem um líder que não se identifica com o projecto e com os outros membros da banda. Não finge: aproveita os intervalos entre as músicas para dizê-lo, ainda que por palavras que só são compreendidas por quem sabe o que se passa. Canta por obrigação e sem entrega, mas não engana ninguém: diz que é um prostituto do showbiz. É óbvio que ele está ali contrariado. Se calhar foi por isso que disse que aquele talvez fosse o último concerto da banda.
Não há por que manter vivo um cadáver, embora de boa memória. Venha, apenas e só, o Quinteto Tati.

PS: Viva o JP Simões, o maior génio da escrita lusa!

João Pedro disse...

É pena as coisas boas terem de acabar. Tinham capacidades para se tornarem uma grande referência no panorama musical. Mas a quetão é mesmo essa, se têm de acabar... que acabem, não se deixem andar por aí!

Zé do Telhado disse...

Já vi que o "gig" não foi grande coisa. É pena, pois foi uma, senão a única, grande revelação da música nacional de finais de anos 90. Recordo inclusive que foram muito gabados num jornal inglês especializado na área, não sei se New Musical Express, ou outro parecido. Foram uma ganda banda, e olha que eu não sou grande fã dos produtos nacioanais, aliás, nunca me identifiquei com nenhuma banda ou artista português, os BCH foram os primeiros. Pena terem chegado a este ponto, pois talento é coisa que não falta naquele grupo, JP com uma voz e um grande poder de escrita, Raquel Ralha é para mim uma das grandes cantoras nacionais (embora ninguém ainda lhe tenha reconhecido esse valor. Preferem elogiar as patrcias candoso dos morangos com açucar, entre outros abortos), além de ter grandes músicos atrás deles, como por exemplo o Baptista, o Luis Filipe Madeira, o Renato, ou a Filipa (do violino). enfim...é uma situação triste, mas paciências, ficam os discos para um gajo os recordar. Espero que esta merda nunca aconteça aos U2. eheheheheheeh.

P.S. Quanto ao Quinteto Tati, não é a mesma coisa, não tem aquela chama dos BCH, sinceramente é algo que não me desperta muito interesse. Preferia que o JP investisse mais nos BCH, mas ele é que sabe. se calhar o probelam está no dinheiro, ou seja, nos BCH ele tinha de dividir o guito com aquela malta toda, no QT só tem de dividir com o Costa, pois o resto dos músicos recebem meia dúzia de tostões e vão dali todos contentes da vida, porque o patrão é o JP, é que tem direito à maior parte da massa, e desta forma já fica mais à vontade ao fim do mês para pagar a renda.

José Carlos Gomes disse...

Tem juízo, Zé do Telhado! O dinheiro? O Quinteto Tati só toca de vez em quando, em lugares pequenos e não pode pedir fortunas de cachet. Se fosse por dinheiro, ficava com os BCH, que dão os concertos que querem, à custa do passado que têm.

Zé do Telhado disse...

Juízo? Meu caro, juízo tenha vossa excelência, deixe de ser inocente e de defender tanto o seu compadre JP Simões, deixe de trata-lo como uma "ave rara". Ele é como os outros, quer é dinheiro, e muito provavelmente os lucros são maiores com o QT do que com os BCH.

João Pedro disse...

Curto largo o JP e os Belle Chase. O Quinteto nota-se que tem qualidade mas não me puxa assim tanto... Agora, não tenho dúvidas que mesmo sendo a dividir por muitos, dá mais guito os belle Chase que o Quinteto...

José Carlos Gomes disse...

Claro que os Belle Chase dão mais dinheiro... Esse Gonçalo Brito (perdão, Zé do Telhado) não sabe o que diz.

Zé do Telhado disse...

Vocês sabem lá bem o que dizem.
As eleições deve-vos andar a foder a tola.

João Pedro disse...

Claro.... dois com a mesma opinião e as eleições andam a foder-nos a NÓS???? Não será antes a ti?